quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Intensidade

Insanidade... 
Uma viagem profunda a um universo que todos habitam, que todos mergulham: uns com um medo terrível que os leva a molhar apenas os pés; outros com uma intensidade tremenda que faz ultrapassar todos os limites, a abraçar com força o extremo e chegar muito perto da loucura...
É um voo muito particular: cada um sabe dos ventos que é capaz de enfrentar e da força das próprias asas...

"Como a ave que abre as asas para a altura, esqueço a lama que o meu ser maldiz..."


Assim disse Shakespeare, e repete Helena... Oh quem dera se de fato esquecesse... Não seria tão atormentada pelos fantasmas que a perseguem: da culpa, do remorso, do desejo de remissão... Ah, que dor avassaladora de ter se perdido na própria ambição. Quanta dor aguenta essa mulher - antes tão forte e decidida?A que vamos brindar, minha cara? A que?Se há um mar de lodo que te arrasta ao chão a cada passo... Se há medo em seus olhos tão belos, a ponto de ofuscar-lhes o brilho?Sua fuga é inútil, nobre Helena: seu medo não é real. E ao mesmo tempo, não há nada mais real que ele. Está impregnado em suas células, ele percorre suas veias, ele te perturba o sono, ele te rouba a juventude... O medo te paralisa. Ele tem o poder absoluto sobre cada passo seu. Ninguém te salvará, minha cara: não estava tudo sob controle. O plano era perfeito, não é mesmo? Exceto por ser executado por humanos: que são miseravelmente comandados por essa tal consciência...E agora, Helena? E agora? Essas vozes nunca vão calar? Quantos dias ainda essa culpa vai te corroer? Vê... Não há saída: sua pior inimiga reflete seu rosto no espelho. De nada adianta gritar. É a voz da sua própria consciência que te rouba a paz. Ela não te deixará nunca. Conviva com isso! 



"Qual seria a diferença entre o amor e a morte? Nenhuma. Amar é em algum momento morrer"


Morrer por amar ou por ser amado. Por amar errado. A pessoa errada. Ou a pessoa certa; do jeito errado.Um amor que rasga a alma... avassalador, inebriante, feito de calmaria e fúria. Um amor doente. Que não se sabe doente, embora todas as evidências revelem esse fato.Letícia... a personificação do ciúme doentio, insano, inconsequente... A morte do amado é a sua também. Sua vida acabou junto à dele. Nada mais vale a pena agora...De que vale esse discurso de posse? Essa demarcação de território, esse ataque feroz de caçadora insaciável? Não há mais pelo que lutar, mulher desequilibrada... Não há ninguém a conquistar, com essa pose de mulher fatal e esse olhar felino. É tarde tanto pra provocar com seu charme quanto pra aniquilar com seu veneno - sua víbora deliciosamente envolvente, perigosamente atraente, doce e cruel na mesma medida. Dona de toda intensidade do mundo.  Amor e o ódio se misturaram em você de tal forma que não há mais como separá-los: fazem parte de sua corrente sanguínea, solidificam os pensamentos mais ocultos de seu sub consciente. É tarde pra consertar as coisas. Seu amor não vai voltar. Você o destruiu, com as próprias mãos. Pare de gritar, mulher insana. Está feito. Ele não voltará jamais.Você levou a doença que chamou de amor até as últimas consequências, agora terá que seguir em frente: vendo o sangue dele em toda parte...



"Foi ali que mergulhei no mais lindo amor que alguém poderia viver"


Aquele mergulho foi intenso demais. Tão profundo que você nunca mais soube voltar à margem, doce Anna... Menina de sorriso contagiante, de voz suave como anjo, de rodopios e sonhos...Sempre pronta. Tão fulminante foi esse amor à primeira vista que estavam prontos um para o outro desde o primeiro instante, até o último. Sabiam pertencer-se. Tinham absoluta certeza.Por que ninguém te escuta? Não te levam logo para os braços de seu amado.. para a noite de núpcias, para o encontro tão esperado, a lua de mel dos sonhos, os corpos e almas para sempre entrelaçados, na simbiose mais perfeita...Por que não te respondem? E essa ansiedade que aperta o peito? E esse lugar tão sombrio e fechado.. Que nada tem a ver com seus planos de felicidade eterna... Um absurdo!Doce Anna...Está tudo fora de lugar: os docinhos, o buquê, a água, seu pai que não vem. E agora, menina? Como será esse dia tão especial? Deve ser brincadeira ne? Uma pegadinha. Uma brincadeira de mal gosto...E se for o caso de adiar?Mas espere... o noivo não vem? Não, ele não se atrasou... Não é nenhuma piadinha. É a vida fazendo tudo ficar de cabeça pra baixo de repente: ele nunca vai chegar. Está morto.Seu amor não vai chegar, ó doce Anna... Ele não vai beijar suas mãos a noite após jurar estar contigo na saúde e na doença, para todo o sempre. Ele não pode mais. A história de vocês acabou. E você também precisará se acostumar com a dor da ausência... Não faça nenhuma loucura menina! Pare com isso! Ó Doce Anna... Por que resolver as coisas desse modo? Fecha os olhos pra sempre menina... A dor acabou!


Sim. O voo é único para cada um.

É uma insanidade!

(Para Roberto, Vitor e Marcelo


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