segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Águias

"Voar exige técnica e perseverança. As aves aprendem a voar, muitas vezes com risco da própria vida. Em jardins e bosques, pequenas aves aprendizes tornam-se vítimas de predadores oportunistas. Com as águias a história parece mais complicada ainda. A mamãe águia empurra o filhote para fora do ninho, caso ele não salte por iniciativa própria. Mas ela pula junto e acompanha seu desempenho. Se o filhote não conseguir voar, a mamãe faz as vezes de rede de segurança e o recolhe, trazendo-o de volta ao ninho. Passado o sufoco, ela joga o bichinho outra vez, até que ele voe por si mesmo."


Minhas asas sempre estiveram aqui. Vieram comigo. Deus já me presenteou com todos os talentos que eu precisaria. Contudo, eu não poderia descobrir sozinha até que ponto eu seria capaz de ir. 
Precisei de um impulso. Não conhecia minhas potencialidades até o momento em que foram, gradativamente, postas à prova.
Eu não poderia voar, ficaria para sempre no ninho, se não me fosse dada a oportunidade de águias corajosas, determinadas, apaixonadas ... que cruzaram meu caminho.

"É assim que se pega no lápis"

"Eu sei que você pode mais que isso"
"Você é capaz, me mostra o que sabe fazer"
"Ficou ótimo, agora ajude seus colegas"
"Eu quero te ajudar, mas você precisa tentar"
"É sua vez, eu não posso fazer por você"
"Refaça: preste atenção no que está fazendo"
"Leia o que está pedindo. Faça com calma"
"Faça a leitura para a classe. Eu ajudo você"
"Aplausos para a colega: ela realmente estudou pra a prova. Sigam o exemplo"

Eu não deixaria de ser uma ave. No entanto, jamais poderei saber que tipo de ave eu seria...

Provavelmente eu sequer sairia do ninho. Ficaria esperando pela vida e morreria sem saber da aventura de correr o risco, de me lançar. Eu não poderia descobrir o alcance do meu vôo... seria uma vida breve e sem sentido.
Deus, em sua sabedoria infinita, quis que eu precisasse do impulso...

Grandes mestres, os maiores, me empurraram pra vida.

Mostraram que a vida não é debaixo das asas protetoras dos educadores, 
que a minha vida eu traçaria a partir dos meus voos. Que todos os desafios eu teria que enfrentar, basicamente "sozinha"; e muito embora o desejo de me acompanhar fosse grande, esses mestres bem sabiam que eles só dariam o impulso.
A velocidade, a força, a garra, o alcance do meu voo quem determinaria seria eu mesma.
Mas o fato é que o primeiro voo, sempre teve um mestre pra me jogar, me empurrar... E me observar voar.

É lindo isso.

É fantástico!
O verdadeiro show da vida acontece entre quatro paredes, no lugar mais simples do planeta e o impulso parte dos seres extraordinários que se doam por tão pouco reconhecimento e tamanha ingratidão.


Sala de aula.

Foi onde dei meu primeiro voo, de muitos.
Eu aprendi muito mais do que histórias de um povo, do meus país, da sociedade. Muito mais do que latitude, longitude, fórmulas e conceitos, leitura de mapas e os elementos da tabela periódica. Foi muito além de regras gramaticais, conjugações verbais e ler nas entrelinhas... interpretar.
Eu aprendi a ser gente
conviver com gente
respeitar.
Que meu direito acaba onde começa o do outro.
E que pessoa nenhuma deve ser diminuída ou desvalorizada.
Aprendi a esperar a vez de falar. Aprendi o quanto um abraço vale. E que nem sempre vou acertar
Aprendi que é meu próprio limite que eu preciso aprender a superar; e o objetivo não é ser melhor que os outros, mas que eu mesma.
Foi lá... numa cadeira simples, desconfortável até, num dia quente que eu aprendi a admirar essas águias.
E meu aplauso de pé hoje é pra esses que merecem tapete vermelho, holofotes e que nos curvemos diante deles... 
Esses que nossa sociedade está longe de mensurar o valor deles, e tratá-los com a consideração que lhes cabe!

Aos mestres, que ajudaram a tecer quem eu hoje sou....


OBRIGADA PELA ENTREGA DE VOCÊS!


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